segunda-feira, abril 11, 2011

Ode a um suicida




Extinguiu-se, como o ultimo suspiro de um ser.
a face triste transborda lágrimas
escorrem pelas maçãs do rosto
empossam nos lábios

O sal das malditas lágrimas
ressuscitam no ser apenas a dor.
O cansaço físico e mental se alastram,
dominam o corpo,
e novamente transbordam no olhar

É um ciclo contínuo.
Agora é todo dia,
elas não cessam mais
e quanto à dor, talvez ela tenha se intensificado
não sei, não sinto mais diferença
só sua freqüência

No seio de minh'alma foi cravado uma lança
e, por mais que possa retirá-la,
mantenho-a ali, parada, tornou-se parte de mim
não sei mais viver sem a dor que ela me causa
é angustiante, mas ao mesmo tempo tornou-se minha salvação

Meu porto seguro é saber que ela existe
que ela é a única que não irá me abandonar
passe o tempo que passar, aconteça o que for
tudo muda, mas a dor continua
intensa, cortante, porem secreta, nunca errante

É perfeita, discreta
ninguém sabe de sua existência,
apenas a pessoa que a sente
que a tem como sua amiga mais próxima
e como sua assassina

É caótico depender daquilo
que aos poucos, surrupia a essência de sua vida
talvez um vício, talvez uma necessidade
é insano, suicida

A esperança de esgotar, tudo que o envolve
todo amor e felicidade
toda aquela hipocrisia que nunca acreditou
reuní-los todos naquele espaço, naquela dor
extinguir tudo de uma vez
ir em direção ao infinito.
Morte

Cobiçada, porém temida
é surpreendente sua força
alguns antecipam-na pra outros
assassinos inescrupulosos
violência contínua.
Rotina.

Outros antecipam-na pra si
malucos, ingratos, pecadores?
não, apenas aqueles que não mais desejam ver
ao acordar, a cena de um crime, o sangue de um inocente

Ouvir a sirene de uma ambulância pela manha
a agonia crescente a cada metro que se aproxima
alguém sofre e você
nada pode fazer.

A ira toma conta de ti, você para, pensa
porque eu tenho que estar vivo
e ver tanta morte, como se fosse normal
aceitar este fator natural
e esperar que o mesmo aconteça a mim
Espera.

Noites acordadas contando o tempo.
Chegar em casa e pensar que mais um dia passou,
mas que outro virá em seguida
Inseguro.

Tão ou mais sofrido quanto o anterior
e que novamente se deparará com a morte,
não com a sua, a sua demorará
te fará sofrer, te fará desejá-la

Chegará o ponto em que o desejo por tal será intenso
a voz gritará ao seu ouvido
o tom de suplica que ela exprime
tudo aquilo te fará sofrer, mas você não é capaz
não nasceu para o suicídio

Ou talvez, só não o tenha descoberto dentro de si
mas já o praticou varias vezes,
quando cansado de tudo,
a lamina em si, cravava.

Ver o sangue escorrendo pelo braço
o pulso marcado, o sorriso no rosto apos o ato
a satisfação, o suprimento da dor
tudo aquilo precede o ato suicida

Você já tentou ser um suicida
antes, pequenos cortes
para apenas relevar pequenas lembranças ruins.
Agora o ato é mais grandioso
para relevar todo uma vida

Apagar do mundo toda a sua história
sua marca no globo será como a sombra
na luz do pensamento existira
mas na escuridão do mundo
se misturará em meio as outras sombras,
Sumirá.



ps. poema escrito pela Mônica Matsue Yamashita
pps. na minha opinião, o melhor dela
psps. adoro ele, entao resolvi reeblogar