segunda-feira, abril 26, 2010






Emo


As vezes me questiono por que o movimento EMO é tão falado, críticado, e descriminado, e tenho uma certa irritação.
Irritação se da não pelo ass
unto em si, mas pela descriminação ao movimento. Não consigo entender por que uma coisa que é da ordem do outro pode causar tanto incomodo... Ou até entendo, se pensarmos bem a discriminação aquilo que clarifica a diversidade existente nas possibilidade de viver a masculinidade e feminilidade, não é nenhuma novidade... A agressão gratuita ao emo, muitas vezes física, na verdade é um comportamento de intolerância a androginia.

No mundo atual cada vez mais se torna politicamente incorreto a discriminação ao homossexual, mas o preconceito existe e nesse caso escolheram um subgrupo onde isso pode ser feito e é legal. Com a mesma freqüência e tranqüilidade que um homem heterossexual agredia um gay nas ruas na década de 80, hoje se faz isso com um emo. A cena do preconceito em ambos os casos é a mesma.

A ousadia com aquilo que é mais tabu na sociedade, a sexualidade, foge do obvio, confunde e atordoa a ordem social. Tenho cada vez mais sentindo uma certa fragilidade no macho heterossexual. O capitalismo é um sistema tão cruel que nas suas criações serializadas cria marcas a quem não está na norma e também para seus ícones. A classe media, por exemplo, vive o medo de se tornar pobre e muitas vezes se incomoda em ver a pobreza diante da forçante empatia que o faz pensar que um dia pode estar naquele lugar. Os belos vivem o terror de se tornarem feios, num eterno “desasossego” com uma espinha que surge, ou um quilo a mais na balança... E o homem heterossexual, o panico de ter sua sexualidade posta a prova. Já ouvi mais de uma vez aquela máxima “não existe homem hetero, existe homem mal cantado” eu discordo, mas sabemos que em boa parte dos casos 'uma boa ocasião, faria sim o ladrão.'

E vocês já perceberam o discurso do cara que vive uma vida heterossexual e começa a se enveredar pelo outro lado? Já sabem e aceitam o fato de gostar de homens, mas que já perceberam que o vinculo a homossexualidade de alguma forma os reduzem e mais do que admitir o preconceito endossam e reproduzem (tiro no pé). Eles são, mas não querem parecer ser e naturalmente odeiam quem, independente de ser, parece. Está na contramão de suas tentativas de provar ao mundo (e pra ele mesmo, é claro) que gostando de outros homens não precisam ter traços de feminilidade, que ninguém precisa ser daquela forma. É melhor tentar se adaptar sendo um pseudohetero do que tentar entender e ter uma critica a essa onda.

O preconceito é surdo e só ouve o que lhe interessa, quem é limitado reproduz sem racionalizar e se contenta com o um simples “não gostar” sem procurar entender de onde isso vem, achando que o incomodo que sente diante daquilo tem a ver apenas com uma cara melancólica ou maquilagem nos olhos, não percebendo que esse é aquele mesmo tacanho preconceito que sempre existiu, mas agora disfarçado. O mesmo preconceito que passaram as primeiras mulheres a usarem calças, mas que deram a cara pra bater e saíram da posição de mocinhas que precisavam cruzar as pernas delicadamente se privando de uma serie de atividade antes designadas aos homens única e exclusivamente pelas suas maneiras de se vestir. Mudança simples, mas que é parte de um movimento que garantiu a mulher o direito a voto, acessão no mercado de trabalho etc...

É preciso ousar, o esmalte da sua unha, o corte do seu cabelo, a sua calça, o seu tênis, a sua maquiagem, são maneiras de seguir na contramão. Não nos enganemos,  'a mudança se dá de micro pro micro', são atrevimentos como esses que permitem que sigamos em frente. E ainda temos muito para avançar.

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